DESPEDIDA
Senti o perfume da saudade nos teus olhos.
Pressenti que não passaríamos de um passado
Desprovido de peso,
Nos teus beijos empoeirados,
Nos teus abraços em branco e preto.
Lençol encharcado,
Ato consumado!
Eu não era mais do que um retrato amarelado,
Um fato
Avesso a argumentos,
Um substrato
No teu futuro seguinte.
Tu sabias que eu sabia.
Mas sempre preferiste os palcos à ciência.
Eu também.
Que bem nos fez esse fingimento mútuo:
O que é o amor, senão uma farsa partilhada?
O sol subiu e afundou meus eternos minutos:
Era tempo. Tinhas que ir,
Fazer-te completa como uma flor.
Saíste sem mala
Sem palavras,
Deixando-me aos vãos da vida.
Desde aquela noite,
Evito pensar em ti.
Talvez,
Para não gastar as lembranças que tenho de mim.