ERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

ERGUNTO-TE ONDE SE ACHA A MINHA VIDA

Pergunto-te onde se acha a minha vida.

Em que dia fui eu. Que hora existiu formada

de uma verdade minha bem possuída

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

E a quem é que pergunto? Em quem penso, iludida

por esperanças hereditárias? E de cada

pergunta minha vai nascendo a sombra imensa

que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença

de ti, de mim, da coisa perguntada,

do silêncio da coisa irrespondida.

AUTORA: Cecília Meireles

GRAÇA VIEIRA
Enviado por GRAÇA VIEIRA em 04/03/2011
Código do texto: T2827896