PRESENÇA

A tua mão pesada no meu ombro,

Inútil lutar contra o que não vejo.

Chega mansinho como uma brisa marinha

E me sopra aos ouvidos tua lenda.

Deixo levar-me por visões fantásticas

Onde te vejo vestida de nuvem

E ninfas preparando sua côrte.

De repente transforma-te em medusa

E meus olhos,petrificados,cega,

Nada vejo,nem sinto,perdido

Em seus mitos cruéis de divindades físicas.

Passa lentamente a mão no cabelo

Como um gesto ensaiado num ritual de perder-se,

No entanto o peito,já sacrificado,

Adota o signo de teu riso e arte.

"Nunca serei tua!" dança enquanto fala,

E eu,alucinado de amar-te e esquecer,

Tento agarrar num resto de vida

Tua sombra virgem assombrando a sala.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 05/11/2006
Reeditado em 14/08/2009
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