Namoro na Calçada

faz décadas,

Que não vejo a namorada,

Com a cadeira na calçada.

E a vizinha da língua afiada,

Esconde-se na noite Iluminada.

Cai a chuva, vem a trovoada.

E a moça enamorada,

Aos olhos da velha fica falada.

Moça bonita calada,

Velha emburrada,

Nunca foi amada.

E no silêncio da madrugada,

Tudo muda;

A moça encantada,

Na cadeira sentada,

Com a vida virada,

Linda e barrigada.

E a velha engraçada,

Da moça é criada.

Moças embaladas,

Já não sonham na calçada.

Todos vão a balada.

Que falta sentida;

Da saia rodada,

Do sereno na noitada,

Do violão e da moçada,

Tocando serenata para a moça da sacada.

A moça bonita e acanhada;

Com ciúme da amiga assanhada,

Do cafezinho de despedida,

E o pai da moça de garganta afiada;

Ah! Que falta eu sinto do namoro na calçada!