HOUVE UM TEMPO…

Houve um tempo em que o tempo não tinha fim.

Percorriam-no jogos, corridas e risos pelo jardim,

Ou as rodas de uma dança de criança, de um triciclo,

Um ciclo de fitas animadas, livros de contos de fadas,

Baladas, romances de príncipes e princesas encantadas…

Houve um tempo de inocência, em que a aventura

Sorria, espreitando, em cada esquina, e era ventura

As pistas descobrir, e do mistério desvendar a solução,

Na convicção de quem é vencedor na luta pelo bem

E tem, em si, a ambição de ser gigante - ser alguém!

Houve um tempo de sonhos como botões de rosa,

A florescer no desfiar dos pensamentos de uma prosa,

A gentilmente se expandir em pétalas coloridas, delicadas,

Perfumadas de magia, de um aroma que embriaga, inebria

E nos guia, qual brisa suave, pelos caminhos da Poesia.

Houve um tempo em que o futuro se desenhava luminoso,

Longínquo, belo horizonte pleno de esperança, grandioso,

E que os passos, alegres, decididos, cheios de felicidade,

Pela cidade me levavam, corajosos, e seguros revelavam,

Antecipavam, carinhosos, o amor imenso que buscavam…

Houve um tempo em que o presente era também futuro,

Em que, vivendo a dois tempos, lançava meu olhar puro,

E dali mesmo antevia, leda visão do porvir, o que seria,

Viveria sonhos de amor e grandeza, que ainda ouso atrair,

Ouvir promessas de então, que o coração quer cumprir.

Ilona Bastos
Enviado por Ilona Bastos em 12/11/2006
Código do texto: T289639