Cantiga
Esperei...
Ouvi as vozes na rua
e o silencio na madrugada
fez eco ao frio... não havia Lua.
Estrelas luziam pálidas, tímidas,
foram encobertas pela névoa que povoou
a noite com os fantasmas dos sonhos desfeitos.
Lagrimas tristes começaram sua dança
pela face afogueada na febre sísmica
dos loucos desejos de uma mente
talvez demente, descrente
que haveria enfim
um final feliz.
Abracei...
Essa dor nascida assim
de um coração de guerreiro
que jazia em solo sagrado, velado
sob a insígnia dos elementos, imortal.
Esse espírito alquebrado, tangendo a vida
como se tange o gado de lado a lado
sem chegada exata nem partida certa.
Essa minha dor assim parida
brasa rubra em candeeiro
foi o selo do destino
que marcou
meu fim.
Despedi-me
Do olhar doce lapiz lazuli
com uma canção de ninar.
Segui nas asas do vento norte
perdida nas trilhas e atalhos dos retalhos
de um tempo esquecido dos homens
lá pras bandas de além mar.
O réquiem por mim cantou
a sereia em lamento
um encantamento
beijo da onda
que chora
na praia.
Oceano
Guardou segredos.
Cantou canções de amor e medo
que ninguém mais escutou,
só a praia deserta
que meu delirio
embalou....