Da Minha Terra

Estrada de chão batido, pedras e pó

A espera da chuva,

Num verão com gosto de saudade,

Tentando esconder um inverno aturdido.

As colinas pareciam que andavam,

Esquadrinhando o tempo.

Roubavam as primaveras gestadas,

Dos outonos que padeciam.

Aquele povo, de tantos rios livres,

Não lamentava,

Nem cobrava da imprevisível natureza,

Perdas de alguns de seus recantos.

Tão tenra era a terra respeitada,

Que as árvores respondiam.

Brincava-se com a vida e o medo,

Sem saber que logo adiante havia guerra.

Aos que amaravam de fato o passado,

Lá deixaram suas verdades.

Talvez um pranto com gosto ardido,

Ao perder uma amizade por falta de tato.

O cheiro do mato, o gosto das luas,

Um sino que grita,

Na solidão de uma trama desdita,

Que já fez guarida numa nevada de agosto.

Sob o cimento vaidoso e inclemente,

Dormem cânticos de natal.

Donzelas e moços, são sonhos alcoviteiros,

De um período sábio e nem tanto idoso.

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 07/06/2011
Código do texto: T3020115