Infância

Quanta lembrança eu trago

Do alvorecer da minha infância,

Da minha doce esperança

Do tempo de outrora!

Dos amores que foram embora,

Daquele pôr-do-sol ligeiro,

Da luz do meu candeeiro,

No canto da sala a brilhar!

Como são lindos os primeiros

Dias de vida!

- Exibe pureza na alma

Como a flor no jardim;

A natureza é – botões se abrindo,

O amor – a verdade reluzindo,

Os pais - uma segurança tranqüila,

O mundo - um sonho a esperar!

Que amanhecer, que estrela, que esperança,

Que por do sol melodioso

Naquele delicado regozijo,

Naquela simples brincadeira!

A atmosfera enfeitada de sonhos,

O solo abarrotado de bálsamo,

As maretas invadindo a praia

E a chuva molhando o cerrado!

Oh! Que saudade da minha infância!

E da atmosfera de três-marias!

Que felicidade era meu tempo de criança

Naquelas manhães hílares que eu vivia!

Em vez de tristezas só havia alegria,

Eu tinha sempre esperança,

Mesmo com toda a rebeldia,

De um mundo melhor construir um dia.

Filho do pantanal, eu era feliz,

De short rasgado na bunda,

Cabelos de corte mal feito,

- Pé no chão, descamisado -.

Correndo pelos prados meio sem jeito

Nadando no riacho contaminado,

Atrás das marias-moles

E dos bagres meio azulados!

Naquela era bem-aventurada

Eu ia trabalhar no roçado,

Subia e tirava os jambos,

Brincava de namorado;

Com meu pai rezava o Terço,

Achava tudo enluarado,

Feliz adormecia

E não me preocupava com nada.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 08/12/2006
Reeditado em 09/12/2006
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