Mamãe: de tanta gente falei, jamais de ti.
De tua rara velhice e extrema dedicação,
tua voz antiga e tão serenamente bela
em seus eflúvios para sempre matinais,
sorrintes sempre, pura harmonia.
 
Mamãe: estar contigo diminui
a ânsia destes sonhos,
a rapidez dos risos,
a graça das atitudes
e a força dos meus abraços
sem braços.
 
Mamãe: preciso me mostrar mais aos teus olhos,
calar ante a oferta do teu pão,
do teu (tão pouco) dinheiro,
amar mais teus velhos braços
murchos desta vida.


Tu vives, mamãe, cristalizada em silêncio.
                                                  (escrito na juventude)




Enviado por Jô do Recanto das Letras em 21/08/2011
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3173042
Classificação de conteúdo: seguro