NO TEMPO EM QUE EU TINHA TEMPO
Com que saudade se relembra o tempo de criança, adolescência e juventude. Tudo que se fazia era sem pressa alguma, e como o tempo demorava a passar... Parece-nos até que os dias eram maiores; mas, não. É que quando se está esperando algo: aniversário, Páscoa e Natal (datas em que nós da classe média ganhávamos uns presentezinhos), contava-se, minuto a minuto o tempo que faltava para esses dias e então, eles, os dias, pareciam se tornarem maiores. Já repararam como um minuto é um longo espaço de tempo? Olhe no seu relógio o quanto demora, como passa devagar... Quando não se tem tempo para algo ou não se pensa em nada, as horas voam, haja vista quando de noite ao dormirmos (horas e horas sem fazermos nada e elas rapidíssimas passando). Portanto, fiquem atentos, para não dizerem assim:
NO TEMPO EM QUE
EU TINHA TEMPO
(AYRES KOERIG)
Era criança e não pensava em nada,
Tudo girava alegre ao meu redor;
Sem ambição, pois nada eu cobiçava,
Da vida a parte pra mim a melhor!
Quadra em que a gente tanto tempo tem
Para nadar, correr, pular, brincar.
E muitas vezes pra estudar também.
Hoje só tenho tempo pra pensar,
Nas muitas contas que sempre se faz,
Pra que tenhamos um viver egrégio:
Contas de telefone, luz e gás,
Contas dos filhos que estão no colégio.
Fora outras muitas que tenho também,
De me lembrar do cheque pré-datado,
Que dei ao seu José lá do armazém,
Daquele rancho que comprei fiado.
A todos vós eu digo muito franco,
Tudo isto custa, pois que já estou velho;
De quando em quando tenho que ir ao banco,
Pra ver se o saldo não está no vermelho.
Retrocedendo a todos esses anos,
Vejo que a vida se tornou pesada.
Sem que me houvessem tantos desenganos...
Só não me sobra é tempo pra mais nada !!!