A noite e a saudade

Bruxuleante do candeeiro a chama tímida

Que pela noite quase engolida e ainda assim

Iluminava a mente, o papel e a pena fina

Que insistia escrever um verso quase sem rima

Ao longe, no bambuzal, dançando ao vento

Cantava, a coruja, canção nefasta a exprimir-se

Em desencontradas notas em tão compasso lento

Que o próprio tempo, ao vento lhe fazia esvair-se

Em mim, a alma triste, na noite a espelhar-se

No silêncio que as vezes não cansava de chamar

Um nome que meus lábios tremiam ao murmurar

Um nome que a alma chorava soluçando ao lembrar

Dos olhos, por ela, duas lágrimas tristes a rolar

Uma mocinha, já nos lábios, ternamente a me beijar

Outra, pequena menina, ainda nos olhos a passear

Brincavam em meu rosto, de o rosto dela desenhar

Um grito na noite em que a aurora por mera teimosia

Ou, quem sabe, por capricho insistia em não chegar

E eu, por tanto amor, até juro que ali estava,

Na pálida luz do candeeiro, seus olhos a me olhar.

jose joao da cruz filho
Enviado por jose joao da cruz filho em 22/10/2011
Reeditado em 22/10/2011
Código do texto: T3291389