Brinca menino

Brinca menino triste

no paiol desmantelado,

nas ruínas do cercado,

no coberto do monjolo.

Brinca, que ainda existe

muito sonho a ser lembrado

muita história do passado

muita planta neste solo

muito peão e muito gado

brinca que eu me consolo.

Brinca menino esperto

nas becas do milharal,

no galpão e no curral,

no meio da capoeira.

Mas brinca aqui por perto,

na sombra do bambual,

seu brinquedo habitual.

Na copada da mangueira.

Brinca, brinca no quintal

que a vida é uma brincadeira...

Deixa menino arguto

deixa agora os seus brinquedos,

não revele os seus segredos,

guarde a tua sapiência.

Vai colher da vida o fruto

e enfrentar os seus medos

vai compor outros enredos,

conhecer outra ciência.

Se gastar noutros folguedos

e enterrar tua inocência.

Vai meu pobre menino

no caminho perigoso.

Estudar, ficar famoso.

Que este mundo é todo seu.

Vai cumprir o seu destino.

Vai ser pai, vai ser esposo.

Vai sofrer, vai sentir gozo.

Vai ser rei e ser plebeu.

Só não fique pesarozo

se o seu futuro for eu.

Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 08/11/2011
Código do texto: T3323848
Classificação de conteúdo: seguro