rua vazia

onde a vista declina,

só o brilho do sol

e como pano de fundo,

o céu inibindo o sul

e ninguém mais pela rua

nem mesmo alguma menina

com a maleta da escola

com suas idéias soltas

ou as bonecas envoltas

em mantas de cores felpudas

os carros ali não estavam

pardais que não se achavam

os fios, eles ficavam

ainda como que insistindo

em querer testemunhar

a presença de alguém

mas tinha o brilho do sol

e era ele, porém,

que enchia o caminho

e ele, como ninguém,

mostrava-nos toda a rua

a sua beleza tão nua

naquela plangente manhã

em que todos deixaram

de se levantar muito cedo

e não tinha sido por medo

de não poder acordar

foi só pra poderem fugir

do peso da absolvição

Rio, 04/01/2007