NATUREZA MORTA

De tão livre vôo

O pássaro perdeu seu canto

Virou domesticada presa

Humano adorno.

O singelo pio

Se fez choro

Entre as frias grades

Do presente distante.

O sol quente se fez morno

No ventilador da lembrança

Da saudade ou do abandono.

De tão triste

O pássaro se fez morto

Perdeu o trajeto

Do breve vôo.

E a gaiola recorda

A existência do dono

Vazia sem canto

Está presa à varanda

Onde o sol bate

Ainda morno.

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 14/07/2005
Código do texto: T34353