MANCHAS BRANCAS

O sol escalda as máquinas

no espelho branco das salinas

como se queimasse os homem

que eram o sal das engrenagens

dos ferros feito miragens

tremulando em suas mãos

carregando o sádico suor da lavoura branca

sob a sola dos pés

que cristalizavam o salitre

subindo de súbito pelos dedos.

Solvendo a água

lambendo o chão

hoje o sol só tem o sal

e a ferrugem das máquinas para lamber.

Ressente-se do sabor do suor lambido

dos dorsos suados dos guerreiros

que socavam o solo com suas picaretas.

Enquanto o ferro das ferramentas

feriam o giz picante

os raios escaldantes

dançavam num frenesi

a penetrar as vestimentas

em busca do sabor das costas.

E agora só o aço da esteira

construindo o espinhaço salgado

dos montes da amarga neve

em metros e metros brancos

é o que reluz no horizonte

a se misturar com as nuvens

como um monte só de memórias.

JOSÉ SOUSA
Enviado por JOSÉ SOUSA em 16/07/2005
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