MANCHAS BRANCAS
O sol escalda as máquinas
no espelho branco das salinas
como se queimasse os homem
que eram o sal das engrenagens
dos ferros feito miragens
tremulando em suas mãos
carregando o sádico suor da lavoura branca
sob a sola dos pés
que cristalizavam o salitre
subindo de súbito pelos dedos.
Solvendo a água
lambendo o chão
hoje o sol só tem o sal
e a ferrugem das máquinas para lamber.
Ressente-se do sabor do suor lambido
dos dorsos suados dos guerreiros
que socavam o solo com suas picaretas.
Enquanto o ferro das ferramentas
feriam o giz picante
os raios escaldantes
dançavam num frenesi
a penetrar as vestimentas
em busca do sabor das costas.
E agora só o aço da esteira
construindo o espinhaço salgado
dos montes da amarga neve
em metros e metros brancos
é o que reluz no horizonte
a se misturar com as nuvens
como um monte só de memórias.