Do devaneio (ou das lembranças vividas por imagens)

Já se foi o tempo

O tempo em que caia na vala do esquecimento e apagava da lembrança tudo aquilo a atormentar os sentidos...

Tempos em que ser menor significava ser feliz

E o maior tolo é o adulto que se esquece disso

E mata a sua criança a afogando em trabalhos e deveres

E assim vive atormentado por fantasmas e aliviado por ocupações

numa marcha sem fim, desesperada rumo a lugar nenhum

Até o dia em que o devaneio do impossível o atinge

e se depara com imagens desbotadas, apagadas de um passado não tão distante..

A mente então viaja por alguns minutos notando algo de familiar naquelas imagens, mas sem saber afirmar com certeza o que....

Olha, olha e olha

até o momento em que descobre aquela que poderia ser a mais simples das verdades escondidas debaixo de um terno, gravata e uma pasta cheia de trabalhos:

O sorriso de uma criança

Mais ainda, o sorriso de si próprio desaparecido há tanto tempo

Não à toa descobre em si a pessoa

A máquina então pifa

E o ser humano derrama então as lágrimas de sua redenção...

Andarilho das sombras

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 02/03/2012
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