TERNURA DA MINHA INFÂNCIA

Minha memória da infância

‘Stá longe, quase apagada

Neste cantinho do peito

Pela saudade velada.

Meu Pai, minha Mãe, quem dera

Lembrar-me dos seus carinhos!

Nesse tempo a madressilva

Perfumava os meus caminhos.

Da casa onde nós morámos,

Bem defronte da estação,

Via o comboio chegar

E aquecer meu coração.

Era meu Pai regressando

De volta do seu emprego,

Cansado de trabalhar

E ansioso por sossego.

Eu sempre lhe abria a porta

Pra o receber com meu beijo,

Ele a sorrir se curvava

Pra eu cumprir meu desejo.

E a minha Mãe adorada

Revia-se na ternura

Desse momento diário,

Seu momento de ventura!

Lisboa, 28.10.06

Maria da Fonseca
Enviado por Maria da Fonseca em 20/01/2007
Código do texto: T353500