Saudade

Sinto sem razão muita saudade,

E não posso de nada reclamar. Rompi um tácito acordo

E em silêncio fui embora. Ignorei a vida,

A aceitação corriqueira a descobrir os rumos

Da escuridão por tempo indeterminando

Sem refletir e me preocupar com os desafios

Que a própria natureza impõe.

Parti antes do tempo. O relógio a hora adiantou

Antecipou nosso tempo.

O que de errado eu poderia mais ter feito

Que a interrupção do ato em si?

Que não arriscamos e não sabemos arriscar

Por que depois dele não há mais caminho?

Sinto muita saudade de você, dos instantes

Bons e ruins, das conversas afiadas,

Da doce amizade, do simples aperto de mãos,

Da voz entoada que me fazia seguro de mim.

Mais uma vez eu confesso, sinto muita saudade.

E não posso acusar-te de nada,

Desrespeitei as leis da natureza e da amizade

E não permiti sequer o direito de perguntar

Porque enveredei por outros caminhos

E fui embora sem nada avisar. A culpa é minha.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 11/03/2012
Reeditado em 11/03/2012
Código do texto: T3547705
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