Quando aperta o frio

Viajante que regressa a esta cidade do norte

Onde uma doce neve empapa a razão

Onde chega os barcos carregados de perguntas

A portos laboriosos como meu coração.

Fala-lhe de minha vida, as auto-pistas negras

Que atravessam voando minha teimosa solidão

Essa gente que passa pela rua levando

meus pensamentos ao outro lado da cidade

Quando dela e de mim ficam só estes versos.

Os moteis que um dia quizemos compartilhar

Os carros estacionados sobre nossas lembranças

O coreto na praça onde a conheci

Diga-lhe que estou parado ao final de mim mesmo

Igual que um fiscal sem ninguém para multar

Como uma auto-pista debaixo da chuva

Como a menopausa de uma mulher fatal

E diga-lhe que sinto saudade quando aperta o frio

Quando nada é meu

Quando o mundo é sordido e alheio

Que se não te esqueça

É destas que dão sempre um pouco mais que tudo e nada pede.

Conta-lhe que sinto falta dela e que me sinto seco

Igual a um presidente dentro de um ônibus

Como uma Kawasaki em um quadro do Greco

Igual que um cachorro quadriculado

Igual que um gato azul

Diga-lhe...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 28/03/2012
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