NO LIMITE DOS TEMPOS

Volto à infância,

paraplégico de tanta inércia.

Tento rever, nas entrelinhas

do tempo, caminhos primeiros.

Busco, impaciente, o sorriso

amarelo de um avô que

não consegui amar porque morreu.

Antes, muito antes de eu crescer.

Lembro que era calvo e alvo.

Operário de fornos.

Rude, bigodudo e antigo.

Como retratos amarelados.

E o Bijú, meio collie, meio tomba,

era seu cão de guarda e graça.

Dona Angelina sim, minha vó.

Meu abrigo de chineladas maternais.

De amplo colo e parca instrução,

cozinhava polenta e almeirão e torresmo.

No limite dos tempos,

eu ficava a cutucar o tacho

em busca de casquinhas.

Até hoje faço isso...

Mas não tiro mais nenhuma.

Nem tacho, eu acho que tem

por aqui.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 07/10/2012
Reeditado em 03/11/2012
Código do texto: T3920695
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