CONCERTOS PARA UM SOLITÁRIO

O chuvisqueiro deslizava pela minha janela, enquanto pranteando em meu piano, eu tecia uma melodia que me reportava em porções gradativas minhas nostálgicas a ela.As notas escorriam e eu me sorvia em sitônias aos sons que ecoavam pelo meu passado.Sua visão vinham em lampejos em meio ao meu lacrimejar um tanto quanto ofuscado por este emaranhado.Desbriado eu me auto-flagelava açoitando os teclados imaculados de minhas loucuras mendigando as minha procuras.Pela janela as gotículas escorriam copiosamente compactuadas as minhas dores.A canção extraída pelas minhas mãos hábeis,eram notas consternadas e cortantes que se esvaiam pelo chão plácidos e inerentes aos meus padecimentos.Sua imagem emoldurava o meu piano,em um quadro em alto relevo, refletida no envernizar do mesmo.Seu sorriso ali constante,denodava a minha inquietude e ao mesmo tempo parecia escarnear as minhas atitudes aborridas.As notas melódicas caiam das pautas em escombros,quando exaurido, interrompo o meu concerto patético.Deito-me sobres as minhas saudades,me cobrindo com as recordações de um tempo não muito melódico,quando o meu ato se fecha com o descortinar de um passado remoto.

Os pesamentos se levantaram e retiraram em sua mudez sem uma ovação sequer.Um silêncio sepulcral invade todo o ambiente e eu em minha embriagues, me perco nas sonolências dos meus insulamentos em um canto de minhas letargias.O pano desce e desce sobre mim o final dos meus sonhos deste palco de desilusões,em uma poltrona solitária onde deito as minhas saudades.