Balada da Infância.
São três "poupées",
tão pequeninas,
tão frageizinhas,
que me alegraram,
quando era criança.
Mãozinhas abertas,
um pouco sem cor,
os olhos os mesmos,
cabelos revoltos,
tudo isso era amor!
Bonecas tão lindas,
de pouco valor...
Hoje recordam
meu tempo feliz...
Peguei-as nos braços,
tentando lembrar
como era bonito
a gente brincar...
Tentei recordar
os nomes que tinham.
Tentei me lembrar
do que lhes falava...
Mas o tempo passado
está longe demais.
Meus cantos de outrora,
não os sei de cor...
Estou tão saudosa
_ e triste também _
meus anos passados,
quando fui crescendo,
senti-me ninguém...
Perdi-os no tempo,
à procura do amor...
Perdi-os de mim,
em longa estrada...
Hoje, é tão dócil
as bonecas olhar...
Trazê-las no colo,
em doce embalar...
De novo, em seus rostos,
um beijo lhes dar...
Cantigas de roda,
feliz recordar...
Vivi uma vida,
quando era criança...
Perdi uma vida,
quando cresci...
Já não mais pretendo
o futuro traçar,
sonhando quimeras,
com um lindo olhar...
Cresci e as perdi,
minhas bonecas...
Cresci e esqueci-me
dos sonhos de outrora...
Agora, me volto
e as pego no colo...
Procuro lembrar-me
que um dia na vida
eu era criança...
Brincava de roda,
cantava contente
e pulava corda...
E mais _ o importante _
trazia no colo,
fazendo dormir,
uma linda boneca...
(30/03/1970)