Olhos azuis

Quem navegaria no azul de teus olhos

E encontraria um porto seguro?

Mil âncoras esfaceladas

encontrei no fundo.

E não foi tudo.

Lá, bem no fundo de teus olhos ...

Lágrimas que jamais secaram

Ruminações sobre a morte e vingança

E uma tristeza intacta e indelével.

Com rastros sangrentos de rejeição

E a torpeza que contaminava suas palavras,

Tornava compulsivos seus gestos,

E um esgar funesto desenhava seu sorriso

Construído sobre um misto

de ironia e dor.

Quem mergulharia nesse mar profundo e

inesgotável ...

De encantos, mistérios e desencontros...

Seria um suicida?

Um sobrevivente

ou apenas mais um náufrago.

O tempo passou

O azul se tornou cinza

Quase ardósia

Fostes um garoto bonito,

Um homem bonito

e, ainda hoje

revela-se ser um senhor bonito

coroado no alto de seus cabelos brancos

e gestos educados.

E, andas com o mesmo relógio de bolso...

As horas brincaram com todos

Como gatos e ratos

Como presa e predador

Somente alguns sobreviveram

à intensidade da dor

ou ao destino.

Caminho flanando pelas memórias

E quando lhe encontro subitamente

No acaso do ocaso

Descubro enfim que o entardecer pode

se travestir de azul.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/11/2012
Código do texto: T4010830
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