CIDADE ESCURA

Antes era uma saudade,

Hoje nem uma luz opaca,

Parece tudo escuro sobre a cidade

E esta angústia destaca

Muito bem a ausência

Do gozo um tanto frenético...

Mas a que medida a carência

Deste pobre lunático

Tornava-se a tudo alheio

Relaxado e imerso em sono

Entre um e outro seio

Como se estivesse em um trono.

Hoje, saudade, lembrança...

De que adianta chorar ao vento,

Se o próprio tempo avança

Alheio a qualquer pensamento.

Já se foi a ironia de sorrir;

Se sorria tinha algum motivo,

Sem se querer sobressair.

Sorrir seria ironia de um cativo?

Eu conto uma estória

Como quem canta um canto.

E haja queijo na minha memória!

Nada cabe em mim, no entanto,

Vivo sob a janela aguardando.

É isso o que acho rotina...

Sentir cada imagem entrando

Da rua ao centro da retina.

Sou pobre porque não te vejo.

Se voltares, matarás meu desejo?

Eu durmo sob o véu da saudade

Esperando voltar o brilho na cidade.

Walterbrios5/12/2006

(Dueto com FALTOU UMA ESTRELA PARA NÓS de Kathleen Lessa)

Walter BRios
Enviado por Walter BRios em 04/03/2007
Reeditado em 15/03/2007
Código do texto: T401436
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.