CIDADE ESCURA
Antes era uma saudade,
Hoje nem uma luz opaca,
Parece tudo escuro sobre a cidade
E esta angústia destaca
Muito bem a ausência
Do gozo um tanto frenético...
Mas a que medida a carência
Deste pobre lunático
Tornava-se a tudo alheio
Relaxado e imerso em sono
Entre um e outro seio
Como se estivesse em um trono.
Hoje, saudade, lembrança...
De que adianta chorar ao vento,
Se o próprio tempo avança
Alheio a qualquer pensamento.
Já se foi a ironia de sorrir;
Se sorria tinha algum motivo,
Sem se querer sobressair.
Sorrir seria ironia de um cativo?
Eu conto uma estória
Como quem canta um canto.
E haja queijo na minha memória!
Nada cabe em mim, no entanto,
Vivo sob a janela aguardando.
É isso o que acho rotina...
Sentir cada imagem entrando
Da rua ao centro da retina.
Sou pobre porque não te vejo.
Se voltares, matarás meu desejo?
Eu durmo sob o véu da saudade
Esperando voltar o brilho na cidade.
Walterbrios5/12/2006
(Dueto com FALTOU UMA ESTRELA PARA NÓS de Kathleen Lessa)