TRISTEZA

lisieux

Tristeza aperta-me o peito, me sufoca.

Arranha-me, afiadas garras, e me sangra.

Fere-me sem parar , mãos espalmadas,

morde-me , caninos de vampiro:

presas que me prendem ao teu destino.

Tristeza sorve-me da alma, o suspiro.

Reduz-me a quase nada, tão pequena...

Faz-me ficar parada, pensativa,

não me deixa trabalhar, tira-me o sono.

Faz-me permanecer horas a fio

a escrever bobagens no papel,

a uivar pra lua, animal no cio,

lembrando a tua boca, o teu olhar...

Caneta voa, em plena madrugada...

e escreve a ti mil versos de saudade,

tentando exorcizar a minha dor...

Tentando, enfim, desesperadamente,

fazer que o sangue pare de fruir,

a fim de não morrer, me esvaindo,

na minha poesia inútil, vã.

E esperando sempre que essas letras

possam levar-te,

na cauda de cometas,

a minha dor,

a minha fé,

meu coração.

BH – 05.08.05

lisieux
Enviado por lisieux em 07/08/2005
Código do texto: T41084