Todos os dias

Tenho andado tão cansado de procurar,

enveredando por labirintos sem fim,

correndo atrás de minha própria sombra,

tentando reconhecer meu reflexo no espelho,

fugindo do medo que me persegue todos os dias,

tateando como um cego por uma porta que se abra,

passando dias e noites em branco em frente ao desfiladeiro...

Tenho andado tão cansado de fingir,

enfraquecido por meus dramas pessoais,

querendo ser alguém que jamais serei,

andando no escuro com uma vela apagada,

me sentindo no inferno de mim mesmo todos os dias,

buscando afastar de mim a pessoa que tenho sido nessa vida,

seguindo os rastros apagados de uma estrela invertida...

Tenho andado tão cansado de fugir,

batendo a cabeça em paredes de concreto,

ferindo minha alma nas curvas do destino,

sangrando as tristezas que eu mesmo criei,

acordando em uma solidão que grita no silêncio todos os dias,

rezando no ceticismo de minhas crenças por algum alívio,

reverenciando minhas derrotas em um teatro abandonado...

Tenho andando tão cansado desse universo,

voando em naves espaciais ilusórias em desenhos de papel,

contando conchas em uma praia deserta de ondas avulsas,

ouvindo músicas perdidas em um tempo sem volta,

acalentando novos passos todos os dias,

na melodia de uma canção que ressoa em minha mente demente,

com memórias que me enlouquecem por não se afastarem de mim...