Memórias e nuvens

Mais uma página branca,

alva

A cuspir-me na cara toda

a iniqüidade do mundo

Se sou livre

Sou culpada ou inocente .

se sou ou não sou livre,

sou sempre inocente

Passo num flash

de sujeito à objeto

E me coisifico apesar

de feições humanas

E prostada na reles aparência,

o espelho me revela

professoral, séria e até sisuda

e, principalmente circunspecta

Procuro só com os olhos

alguma imperfeição nítida

no papel arrogante

E descubro uma pequena nódoa

Aqui bem no meio da página

A me fazer lembrar e

imaginar

as nuvens e os bichos e as coisas que saiam

diretamente do formato delas...

a nuvem-sorvete

é gelada e saborosa,

a nuvem-urso

dorme ainda comigo

é branda,

branca

e pura sem

medo de amanhã

pois o dia já teria raiado

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/03/2007
Código do texto: T411303
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