Flores de morte

indócil sentir circundando pela pele, através dos

Sentidos quase esquecidos de tão extasiados

A sensação de ardo lembrava-lhe

Toneladas de vida entregues pelo compasso dos móveis

Pelo preço das roupas esquecidas dentro do armário,

E os sapatos que nunca lhe serviam...

Havia a incomensurável vontade de pular pela janela

De sentir a solidez do chão onde passavam tantos rostos frios e desconhecidos.

Tangia aquela sensação de filme hollywoodiano

Mas estava triste, triste e excitado.

O tempo lhe consumia veementemente.

Aquelas curvas, curvas perigosamente femininas,

As pontas dos dedos nos seios pálidos, cálidos,

A ponta do dedo no sexo entumecido.

O álcool já não lhe supria as necessidades

Nem a imaginação

O olfato, o paladar a audição...

Pertenciam a ela.

Era dela aquele coração

Aquelas roupas no armário

Os sapatos que não lhe cabiam

O amor que emanava da posição dos móveis

Da posição do corpo na hora de amar

Na hora de deitar.

Na hora de sentir solidão...

Em seu lugar ficaram o ópio, as putas, as contas para pagar.

Em seu lugar nasceram flores,

E elas cheiravam a morte.

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 11/02/2013
Código do texto: T4134660
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