O exílio do poeta

Vivo em um país estranho

Rodeado de lobos famintos;

Foi descoberto, desamparado,

Saqueado, humilhado e esquecido.

Que estranho é o exílio de um poeta,

Dentro de sua própria terra...

Quem é que vai pensar nele

Se a sua própria pátria é abandonada,

Expulsa de seu mísero quintal?

Sua terra é sem-terra e sem chão!

Cortaram a sua língua,

Trocaram-na por outras estrangeiras.

As aves que aqui gorjeavam

Foram presas, torturadas

E não voam nunca mais.

Agora só cantam às escondidas;

Por detrás de suas poesias

Desconfiadas tristes e casmurras.

De todo o verde, vivo ou morto,

Cana, musgo, laranjeira,

Água, mar, abacate, verde folha

Esperança, verde azul-marítimo;

Só restam poucas matas matadas

E mentiras de matracas imensas.

São políticos, pregadores, empresários;

Que oferecem os deuses mendigos

Nascidos em manjadas manjedouras

Em sacrifício vivo por dízimos e ofertas.

Dizimam a própria gente à conta-gotas;

De tantas curas enchem cada vez mais

De gente miserável, podre, cega e nua

Imensos corredores de hospitais.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 20/02/2013
Reeditado em 01/05/2013
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