Cama Vazia

O copo na pia, ainda com água.

E ela no quarto, arrumando gavetas.

A cama vazia. Arrumada, mas vazia.

Depois volta à pia. Esvazia o copo.

Já sei que essa sede vai e volta.

Depois volta ao quarto.

Passa pela sala. Umas revistas sobre a mesinha.

Talvez com poeira. Mas quem é que viria?

Chega no quarto. A cama vazia.

Não adiantava olhar pro lado. Ninguém haveria.

Mas também deixar a casa assim, suja?

Não deveria. Não vou olhar de novo... pra cama vazia.

Calma, alguém lhe diria.

Iria procurar um doutor em psicologia.

Era o que devia. No elevador lembraria

da cama vazia. Mas preferiu chorar primeiro.

E chorou muito mais do que podia.

Ficou prostrada e afastada,

mas não longe da cama vazia.

Não precisaria ir ao trabalho nesses dias.

E o que faria? A gente tem sempre o que fazer,

mercado, remédios a comprar, contas a pagar.

Escrever, não. Não escreveria.

Por que a porra do título, qual seria... ?

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 25/02/2013
Código do texto: T4159580
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