Nunca mais

Eu te vejo trêmula sob a luz estremecida

É um tremor honesto de quem sonha para si

Egoísmo da juventude, reflexo do que perdi

Num bem estar de solidão bem resolvida

E este verde de seus olhos – grama orvalhada –

Em plena harmonia compondo a paisagem

Com o vento e o intenso azul desta miragem

O sorriso cortante e frio como faca amolada

Eu sigo te buscando, platonicamente amante

Iluminado por sua fronte tranqüila e distante

Com o abandono solene das noites outonais

E te encontro, como um presságio intrigante

Como mensagem deixada pelo navegante

Com a despedida final: Nunca mais, nunca mais

Mauro Gouvea