Luz de outono



A folha amarelecendo perante o vento.
A tarde esfriando lentamente.
O sol brilhante da manhã se tornando opaco.
As nuvens fugidias em lilás, com o sangue
da tarde escorrendo pelo horizonte.
Promessa velada de chuva.

Gotas mágicas pesam sobre a velha folhagem.
Que não resiste.
E colore o chão de amarelo e laranja.
Num mosaico intrincado do tempo.
Num bálsamo de cores e cheiros.

As frutas amadurecem
em plena tarde.

Essa luz. Mezza luce.
Ilumina e escurece
mantendo o mistério
da descoberta,
da caminhada,
dos ventos que em concílio
que conspiram tempestades.
Que lavam tudo.
Pensamentos, sentimentos e
corpos perdidos e
em desalinho.
Almas rasgadas por
desafeto ou vaidade.

O outono paga os pecados do verão.
E nos capacita para o inverno.
Luz reflexiva.
Mente convexa.
E as palavras caem no colo
da noite com as folhas de outono.

Caem feito flechas na semântica diária
das estações.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/04/2013
Código do texto: T4232211
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