IGREJINHA

Ferviam, em minhas mãos,

As suas mãos imóveis e frias;

Ferviam as lágrimas de rouca emoção

Naquele dia!

Ferviam, como nunca antes,

As saudades de dias lindos

E de felizes instantes,

Então findos!

Os retratos da minha mãe querida,

Da mãe dos meus dias,

E das suas sorridentes alegrias

São também os retratos da minha vida!

No velório da minha mãe eu não estava sozinho,

Estava na sua presença ausente,

Na ausência do seu carinho,

E foi assim que descansou esse dia eternamente!

Entre os retratos que coleciono na lembrança,

Está o lenço branco que ela usava

Para enxugar as suas lágrimas de tristeza

Nas frias noites de pálidas incertezas

Em que, vez ou outra, eu mergulhava,

Descrente de mim mesmo, e sem esperança!

Está também a Bíblia Sagrada,

Que ela lia para mim

Quando eu era menino;

E me fazia crer que o amor não tem fim,

Que a vida é uma avenida iluminada,

E que Deus existe, e é benigno!

Na igrejinha onde o seu corpo foi velado,

Um coral luminoso de anjos entoava hinos;

No cofre da minha alma, eu mantenho guardados

O lenço branco, a Bíblia Sagrada e o badalar dos sinos!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 05/05/2013
Reeditado em 10/05/2013
Código do texto: T4275593
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