Reencontro

Eu não os via há tempos,

Quem será que me reconhece?

Já tenho a pele rebelde,

Meus olhos espertos e racionais,

Não são mais como os daquele adolescente,

Que fazia antes e perguntava depois,

Corro menos agora com as pernas,

Mas meus pensamentos perseguem tudo com muita destreza,

Amo sem aquela intensa paixão,

Mas agora acho que amo mais e melhor,

Não os vejo mais no passado,

Mas quero a todos no presente,

Novos velhos amigos!

Aquelas mulheres sorridentes,

Aqueles homens maduros,

A informalidade como norma,

O palavrão com carinho,

A intimidade perdida,

As experiências vividas,

As lutas sentidas.

Tudo que passou,

As pessoas que amou,

A bagagem que carrega,

É mala cheia,

É dor, é ternura, é candura,

É um poço cheio.

Hora de fechar os olhos,

Tocar cada um,

Apalpar as mãos, o rosto,

Transportar-se para trás sem se perder a jusante,

Abrir os olhos da alma,

Revivenciar o barulho, aquele bem especial!

Os gritos, as gargalhadas estridentes,

Os cochilos diante das aulas monótonas,

O companheirismo como o sol,

A amizade desconectada da razão,

A inocência querendo ser mais.

O tempo amigo,

Ele que nos une,

Que nos afastou por um pouco,

Sem empecilho agora,

É o grande artífice dos dias vindouros,

O que faremos?

Ele, o tempo ainda nos reserva coisas,

Pode dar novos sentidos às nossas vidas,

Como agora,

Quando o toque, o olhar, a voz e todos os sentidos,

Se dispõe a amar.