Rio doce
Doce é o rio e barrento
marca profunda do amor e só
sentir-me inteiro sem ele não dá
menino que viver das águas aprendeu
sou eu.
Simples como ele nunca se julgou tudo
na humildade de nunca desviar sua rota
andou por toda uma vida sem pressa
inundando por inteiro o meu interior.
Como se não quisesse ser esquecido nunca
me ofertou peixes, me deu banhos
mas que tolice: eu já o amava e muito.
Quando a sua ponte era a maior já vista
e aquela imensidão amarela um mundo
já era então difícil imaginar-me distante
melancólico, com os olhos cheios dágua, claras agora.