ENTRE AS NUVENS E AS BRUMAS
Nos dias secos e abafados,
Sem canção, sem poesia...
O rio dos dias passados
Traz, na sua corrente
De águas amareladas,
Os céus que abracei,
Os mares que beijei,
Os sonhos que sonhei...
Traz o rio, na sua corrente
Dos dias passados,
As águas amareladas
Das fugidias lembranças
Dos céus que me abraçaram,
Dos mares que me beijaram,
Dos sonhos que me sonharam...
Uma corrente de gestos entrelaçados
E de desejos correspondidos!
Quando a sua ausência
É tudo o que vejo,
Quando o seu silêncio
É tudo o que ouço,
E a vida é uma flor pendida
Sobre o abismo que se abre,
Entre as nuvens e as brumas,
Nos dias secos e abafados,
Sem canção, sem poesia...
O rio dos dias passados
Deságua no meu oceano
De águas turvas, paradas...
E minha alma se afoga em nostalgia!