Tardia Manhã

Nesses olhos da tarde brilha a alegria

de uma eterna manhã;

na luz d’Alva o passado se esvazia

numa razão terna e sã.

E no aroma da brisa desliza o frescor

do orvalho vertente nas folhas;

e em toda trilha das bolhas,

a matiz de raio frutacor.

Amanheceu nos meus olhos

a cálida lágrima, o doce afã,

acendendo a réstia de luz

adormecida no inconsolável divã.

Nasci, como renasce a esperança

como renova a lembrança

antes tarde, mas bem ledo

do que nunca cedo.

Sorri, na paz de uma criança,

um alegre suspiro no giro da roda gigante

que passou estonteante,

levando a vida, virando a dança...

Vivi, servi, sonhei, aguardei

no solar de todas as tardes

Sofri, sonhei, amarguei

na bruma de todas noites vãs

Acreditei, pressenti, senti, vislumbrei,

e revi, como em todas manhãs...

(dfh/25fev99, Jardim Umarizal, São Paulo-SP)

Tim Holanda
Enviado por Tim Holanda em 26/08/2013
Código do texto: T4452879
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