JANELAS DO PASSADO
JANELA DO PASSADO
Poesia descritiva
Abrindo as janelas do passado,
Meu coração ardeu de saudade
Dos parques de acolhedora paz
Onde trocava juras de amor,
Sob proteção de uma “vela”,
Roubando furtivos ósculos
Como o colibri furta da flor.
Recordei a idade da juventude
Ela era um jardim em flor,
Com bailes programados até 10h
Horário do sabonete Tabarra,
Jovens amantes abraçados,
Em estado de beatitude.
Hoje, os parques abandonados,
Locais de “fumadas” com furor,
E as baladas “esquentam a barra”,
Jovens se retorcem, sem horário, .
Fechando o programa de amor
Nos motéis, com objeto protetor.
Analiso hoje, o mesmo setor,
Sinto piedade da juventude
Envolvida pela corrupção moral,
Pais, pela violência, presos no lar,
Ansiosos pela ausência dos filhos,
Expectativa de notícias de dor.
Abrindo outra janela da juventude,
Só recordei momento promissor,
Passeio de bonde ou andando,
Mãos dadas em respeitoso carinho,
Não havia carros para macular o amor.
Hoje sofro as seqüelas da idade,
O corpo alquebrado e vista baça,
Carente na idade avançada
E da juventude que me fazia feliz.
Nasci em terra ardente pela seca,
Brinquei sobre ela ressequida,
Vi o gado chorando com sede,
Gente com latas buscando água,
Vi gente sofrendo fome e sede,
Olhos secos de lágrimas,
Fugindo da terra querida,
Porém com a alma cheia de fé,
Fitando o céu com esperança
Do socorro de Deus no infinito.
Orando aflito para São José,
Da chuva promissora de abastança.
Pés despidos sobre solo calcinado,
A pragata mal os protegendo. Pudera!
Mas na alma daquela gente
Brotava amor em abundancia.
Então, a saudade não é quimera.