A saudade numa lata de refrigerante

Não, ainda não.

Adormeça no meu peito

Óh saudade insistente.

Não, não me venha como um vulcão.

Arrasando minha cidade, derrubando minha casa

E matando os peixes do rio.

Ah, você veio como abelha,

Rodeando a minha lata de refrigerante

E eu aqui armando uma emboscada

Pra te prender lá dentro.

Não saudade, ainda não.

Não quero te ver voar a minha volta.

Nem ouvir o seu zumbido eloquente

Que atravessa e corta o frescor do vento alegre

Que tenta tomar o seu lugar.

Não, ainda não.

Adormeça na rede da varanda.

Vá ver o pôr do sol e me esqueça de vez.

Sou poeta demais para sua guerra,

Não tenho bombas nem bala de canhão.

Tenho apenas flores, lápis e papel em minhas mãos.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 22/10/2013
Reeditado em 24/10/2013
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