Silhuetas...
Talvez eu ainda sonhe contigo
como sonhei no primeiro dia...
Talvez seja que o meu passado
não mudasse o meu presente;
ou pode ser que tenha parado
em algum tempo bem antigo
e me recusasse a ir em frente.
Pode ser que uma esperança
se recusasse a ser lembrança
naquilo que ficou comigo.
Pode ser que o meu coração
jamais se desfaça da ilusão
de ser o que foi em tempo ido
porque restou-me o vivido
desvencilhando a decrepitude
na ilusão de que a juventude
é justificada, perene e eterna.
Mas eu o sou! Perene e eterno
porque as palavras de poeta
trouxeram juventude interna
junto com o céu e o inferno
para a alma doce, irrequieta...
E, enquanto o mundo envelhece
só a poesia é que permanece
nos tornando sobreviventes.
E por mais que queiras e tentes
sei que ainda moro em tua alma,
sou tua excitação e a tua calma
que pra sempre hás de lembrar.
E quando a tristeza te assombra
é com a sombra de minha sombra
que tu voltas a sonhar...
Franca, 2.014, Janeiro, 28.
José Carlos Rodrigues