Jardins

Talvez a minha vida sem ti não passasse de um bosque escuro e silencioso

Com a penumbra da alma nas reveses da tortura.

Talvez me calasse o coração

Engomasse o meu corpo

Cozesse a minha boca

E desfiasse os olhos até restarem deles o vazio.

Talvez definitivamente me perdesse

Sem asas e às avessas

Sem grãos de milho no chão a seguir,

Sem coração

Sem mãos

Sem voz

Nos braços da loucura

Insanidade profunda

Talvez a minha vida fosse aquela tépida flor

Que desnuda a alma desaguando na natureza do teu jardim

Que destoa das crenças que me fizeste outrora acreditar

Quando ainda eu acreditava em sonhos

Em raízes coloridas

Enchendo o pensamento pelo orvalho da manhã

Quando ainda visionava o mundo

Sorria

E a alma amava intensamente a tua

Serena

Pura

Em jardins verdes imensos

Luzes intensas

Apertando o corpo à vida

Em que eu ria

Ria tanto....

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 03/09/2005
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