Jardins
Talvez a minha vida sem ti não passasse de um bosque escuro e silencioso
Com a penumbra da alma nas reveses da tortura.
Talvez me calasse o coração
Engomasse o meu corpo
Cozesse a minha boca
E desfiasse os olhos até restarem deles o vazio.
Talvez definitivamente me perdesse
Sem asas e às avessas
Sem grãos de milho no chão a seguir,
Sem coração
Sem mãos
Sem voz
Nos braços da loucura
Insanidade profunda
Talvez a minha vida fosse aquela tépida flor
Que desnuda a alma desaguando na natureza do teu jardim
Que destoa das crenças que me fizeste outrora acreditar
Quando ainda eu acreditava em sonhos
Em raízes coloridas
Enchendo o pensamento pelo orvalho da manhã
Quando ainda visionava o mundo
Sorria
E a alma amava intensamente a tua
Serena
Pura
Em jardins verdes imensos
Luzes intensas
Apertando o corpo à vida
Em que eu ria
Ria tanto....