Vida na roça
De manhã, apanhava a muchila,
peneira de imbira,
com o pé na trilha,
enxada na costa pra ir carpinar.
Minha vida de noite e de dia,
era só alegria,
quando o sol nascia,
um eito tava pronto,
pra mode plantar.
A tardinha, pegava a varinha
com anzor e linha,
lá pra ribeirinha,
descia contente pra mode percar.
Meu jantar, vou contá pra você,
não era de perder,
até dedo lamber,
comia peixe frito e angu de fubá.
A noitinha, pegava o baio
no reio um estalo,
e eu como um raio,
saia feliz a galopar.
Lá no céu, as estrelas brinhando,
o curiango piando,
e eu galopando
pra ver a morena do lado de lá.
Já na volta, de amor repleto
olhava pro teto,
um sonho secreto,
ficava pensando pra que revelar.
E então já deitado na rede,
atada à parede,
sem fome e sem sede.
dormia mais cedo pra mode sonhar.