NINAR DE MAMÃE

Que ternura

Quando me afagava

Envolvendo-me no seu regaço

E mamãe com afeto me dava

Um beijo,

Um beijo e um abraço.

Como eu sorria ao contemplar mamãe

Cantar alegre uma melodia

Pela canção de ninar embalado

Logo em seus braços feliz eu dormia.

Mas um dia

Não me lembro quando

Eu nem tinha sete anos de idade

Nesse dia mamãe me deixando

Foi embora,

Foi embora pra eternidade.

Quanto chorei ao contemplar mamãe

Toda florida em seu negro caixão

E após beijar as suas mãos geladas

Caí de joelhos prostrado no chão.

Quando vi

O caixão fechar

E mamãe esconder-se de mim

Solitário me pus a chorar

Meu pranto,

Meu pranto de dor sem fim.

Fiquei imóvel olhando mamãe

Ir-se afastando de mim pouco a pouco

E quando ela escondeu-se na tumba

Tapei meu rosto e gritei como um louco.

E agora

Sozinho no mundo

Sem destino vagando ao léu

Eu procuro a cada segundo

Ver mamãe,

Ver mamãe voltar do céu.

Vivo esperando que um dia mamãe

Cante pra mim a canção de ninar

E nos seus braços fechando meus olhos

Quero dormir e não mais acordar.