no tempo da brilhantina

quando a visitei da última vez,

sua rua ainda não era uma avenida,

ficava molhada, mas despercebida

depois que a chuva passava

não usava salto alto,

nem vestido comprido

porque a rua era de terra,

era de chão batido

as árvores olhavam pra ela

com aqueles olhos compridos,

cismadas com aquela inocência,

se era maior que a delas

era o tempo da escola

o EP na blusa branca

os cachorros a festejavam

merenda no embornal

tudo hoje é tão igual

os cachorros foram embora

as árvores desapareceram

a rua ficou mais larga

seus olhos me esqueceram

os automóveis buzinam

sons ensurdecedores

as lojas, agências de banco

calçadas de consumidores

mas eu ainda me lembro

embora pareça esquisito

que ela ficava assustada

quando os terrenos baldios

ficavam cobertos de flores

o que hoje é avenida

já foi uma rua de amores

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 24/09/2014
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