TALVEZ UM DIA, LUCIANA
Talvez um dia,
Não reste mais tempo,
Para chorar nossas dores,
Nem para secar nossas lágrimas,
Nem mesmo as feridas
Expostas a céu aberto.
Quem sabe um dia,
O perdão venha tarde,
Num leito de morte
Onde nem mais arde
Uma chama de esperança.
Quem sabe
Se só chorássemos nossas próprias dores,
Dores de pais e filhos
Separados pelas circunstâncias,
Não se alongariam as distâncias
Que alguns só querem aumentar.
Quando o corpo estiver estendido,
E a alma, partido
Para um lugar qualquer,
De que valerá o tempo que vier?
Quem sabe
Se só chorássemos nossas próprias dores,
E não dores alheias, que outros
Tanto desejam dividir,
Sobrasse um pouco de tempo,
Um pouco de tempo para sorrir.
Está na hora de crescer
E ver o mundo na sua altura
E não mais apoiado em ombros alheios,
Focando pessoas e paisagens
Que outros viram por si,
Decretando, por isso, gostos e desgostos.
Está na hora de ser feliz,
Coração de passarinho.
Posso até morrer sozinho,
Mas pior será
Para os que ficarem sem a chance
De ser feliz pelo menos uma vez mais,
Coração de passarinho!