SAUDADE DO VELHO

SAUDADE DO VELHO

Deram-me um nome

Que era de meu pai

Acrescentando junior

Mas nunca fui meu pai

Nem conseguiria se tentasse

O criador foi muito superior a criatura

Não houve uma feliz clonagem

Sou uma caricatura

Do homem que era só candura

Feliz num mundo do qual se ria

Ou melhor, gargalhava

Com as agruras que apareciam

E sumiam

Como por encanto

Em nada o abatiam

Apenas estimulavam sua caminhada

Desapegada de bens

Nutria amor aos bens

Feitos de sangue, pele e alma

E não de coisas

Que não tinham valor

E que não lhe causavam apreensão e dor

Espalhava bom humor e alegria

Tristeza não ter conseguia

Foi-se em paz

Em apenas dois dias

Não sofreu nem fez sofrer

Viveu e deixou viver

Morreu, penso, sem querer

E eu também não queria

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 19/10/2014
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