Assim é meu pai

Meu velho pai

Que vontade de te ver

Eu sempre penso em ti

Sempre rezo por você

Parece até

Que a vida faz por maldade

Vivendo aqui tão distante

Sentindo tanta saudade

Me vem a mente

Os tempos da infância passada

Que se foi e não volta mais

Mas pra sempre será lembrada

Lembro as lições

Que você me ensinava

Nem sempre me entendia

Nem sempre eu concordava

Sei que muitas vezes meu pai

Passou sem a gente se entender

Mas hoje eu compreendo

Sou igualzinho a você

Por muitos caminhos passei

Muitos erros cometidos

Quanto mais o tempo passa

Mais ficamos parecidos

No fundo, bem lá no fundo

Nós somos dois sonhadores

Na vida colhendo espinhos

Sonhamos colhendo flores

Meu pai, se lembra da enxada ?

Da lavoura do roçado ?

Se lembra do cavalo baio ?

Do pé de café carregado ?

Me lembro as vacas leiteiras

Dos cachorros do riozinho

Nosso canto abençoado

Por todo lado um vizinho.

Se lembra da estradinha da vila ?

As noites frias, a escuridão ?

Me lembro as tardes chuvosas

Sentindo o cheiro do chão.

Da abelha Jataí

O céu azul, os arvoredos

O canto da passarada

Revelando seus segredos

É bom te rever, meu pai.

Eu vou te amar até velhinho

Eu te amar até a morte.

Até virar um passarinho.

Martins da Viola
Enviado por Martins da Viola em 25/05/2007
Código do texto: T501179