pedaço de tira

quando com a relva molhada

a juriti se encanta,

o que nos sobra é sorrir;

se em toda noite estrelada

é o mesmo nó na garganta,

o que nos sobra é chorar

se a cortina aberta

alegra a claridade,

o que nos sobra é sorrir;

se é numa rua deserta

que mora aquela saudade,

o que nos sobra é chorar

se a chuva cai e o telhado

diz que são beijos de amor,

o que nos sobra é sorrir;

mas se os olhos inchados

são o refúgio da dor,

o que nos sobra é chorar

se o joão-de-barro se alegra

com a casa que ele constrói,

o que nos sobra é sorrir;

mas se a madeira se prega

e o cupim vem e corrói,

o que nos sobra é chorar

se existem tantas verdades

e somente uma mentira,

o que nos sobra é sorrir;

mas quantas realidades

há num pedaço de tira?

quem descobrir vai chorar...

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 06/11/2014
Reeditado em 06/11/2014
Código do texto: T5025212
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