A saudade e o infinito

A saudade nunca é vazia:

Ela traz sentimentos, pensamentos, sonhos antigos...

A saudade é uma ponte

Onde nossa alma vaga suavemente

Rumo ao infinito...

Hoje, atravessei essa ponte

Para relembrar alguém que nunca morreu em mim...

Alguém com quem compartilhei sonhos, letras e poesias...

Alguém com quem eu compartilhei parte de meu mundo e de minha vida...

Alguém que, quando partiu, levou consigo muito do meu encanto...

Nossa história só teve o início feliz, numa loja de livros que eu tanto amava

E foi esse amor pelos livros que me fez chegar até ele.

O fim de nossa história foi desastroso, foi um misto de revolta e de ressentimento.

Mas enquanto o amor durou, tudo foi mágico, era como se vivêssemos num mundo paralelo. Na verdade, vivíamos no Reino da Poesia!

Às vezes, penso que deveríamos ter sido apenas amigos, pois assim nosso laço jamais teria fim. Há, na amizade, uma amor maior, um amor incondicional.

Sempre que chega o Natal, sinto um nó na garganta, sentimento que só consegue ser amenizado quando estou perto de meu filho.

Eu não fui mais a mesma desde que Binho partiu. Eu sonhava com ele todas as noites e acordava chorando, pois, no sonho, ele dizia que não estava morto e que era apenas uma brincadeira. Muitos me julgaram, mas ninguém me compreendeu. Afinal, minha vida tomara outro rumo desde que havia me separado dele. Mas a verdade é que "morri um bocado em minha alma", como disse Monteiro Lobato, certa vez. Éramos como duas inocentes crianças que sonhavam coisas tão belas, que nem desejavam despertar para a vida. A vida, então, nos separou e eu segui meu próprio destino...

No entanto, meu maior sonho era que Binho obtivesse o merecido reconhecimento literário e pudesse publicar o livro que tanto desejava. Eu torcia por ele, pois sempre acreditei em seu talento. Fui eu quem o incentivou a publicar as poesias na internet, no Recanto das Letras e nos demais sites literários.

Sua morte, ainda tão cedo, interrompeu sonhos e projetos...

Mas ainda sonho com o dia em que Filicio Albara será conhecido no mundo inteiro.

Obrigada, Binho, por tudo o que foste para mim.

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 05/12/2014
Código do texto: T5059148
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