Emília
Branca é a flor da laranjeira,
Também o lírio dos campos.
De lisos cabelos brancos,
Cobrindo a cabeça inteira,
A bater a branca nata
No pote de porcelana,
Ainda a vejo soberana
Com uma colher de prata.
Coquinho e uma face meiga,
Da cadeira de balanço
Olhava-me de relanço
Enquanto fazia manteiga.
Lembro-me dela com dó
Do tempo que vai distante,
Quando eu era só um infante
E tão linda a minha avó.
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N. do A. – Na ilustração, Tia Karen na Cadeira de Balanço de Edvard Munch (Noruega, 1863-1944).